I wanna play jazz

A pressa sempre foi minha inimiga. Desde muito cedo, me falta paciência pra resolver as coisas como poderia. Isso reflete também na minha falta de organização, que também atrapalha muitos de meus processos. Eu adoro ver a folha em branco e sentir aquele formigamento… quase um salivar da possibilidade que se encontra nela. Desenho é minha gênese, meu mimo, adoro desenhar. Mas pintar é como dançar… é uma coisa de corpo inteiro. E eu aplicava muito mais tempo à minha pintura por causa disso. Então, resolvi me recriar de alguma forma.

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Essa é minha prancheta. Embaixo dela tem uma dedicatória do meu amigão Vêrça (pra quem ainda devo grana pela prancheta… um dia…). Ela fica na sala do novo apê em que me instalei com minha excelentíssima.

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Esse é meu laboratório. O scanner perto da mesa, o computador perto do scanner. Tudo pra eu me mexer pouco. É bom limitar o espaço, assim não invado o da Mariana e tenho menos dimensões pra desorganizar.

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Assim mais ou menos é a prateleira de desenhos. Sem pastas, à vista, livre para manuseio. Uma pilha para os que já foram tratados e digitalizados, uma pilha para os que esperam ser terminados ou digitalizados.

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Ontem surgiu a idéia de um desenho. Algo que eu pudesse ficar muito tempo sem cima, produzindo e tudo mais. Algo pra exercitar minha paciência. Pra ocupar meu tempo, pra melhorar meu traço e pra que veja algo ficando pronto gradativamente. Sem pressa. Sem euforia.

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Então, encontrei um disco da Nina Simone na internet. Trilha perfeita. Quase um embalo de navio.

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Jazz é assim. Tem um tempo fora da rotação do planeta. Quando entra na cabeça da gente, muda tudo. A percepção de tempo muda. E cada detalhe, cada nota tocada em seu tempo. Sem pressa. Sem euforia. Onde devia estar. Acho que é mais ou menos isso que eu tô buscando no meu desenho. Essa forma circular e expansiva, que explode na gente. Just like jazz.